3º - Santo Inácio de Antioquia

 O terceiro chefe da Igreja Siríaca de Antioquia foi Inácio. Esse nome provém do grego e significa “feito de fogo” e em aramaico “núrono” que significa “feito de fogo”. Após conhecer suas epístolas, a Igreja Bizantina (grega) deu-lhe o cognome de “theoforos” que significa “o que carrega Deus”.

Não sabemos a data exata de seu nascimento; uma biografia não oficial da Igreja, declara que nasceu na Síria e que por volta de 50 d.C. Inácio e Policarpo foram discípulos de S.João, o Evangelista e quando Evódio, Patriarca da Igreja de Antioquia faleceu, Inácio foi apontado como novo Patriarca.

Nessa época, haviam surgido muitas dúvidas sobre Jesus Cristo e sobre os rituais a serem seguidos e Inácio foi decisivo no direcionamento da Igreja pelo Caminho da Verdade, o Caminho que leva ao Reino do Pai. Surgiram primeiramente os judaizantes, ou seja, aqueles que queriam seguir os rituais dos judeus e com isso retornar ao judaísmo dos fariseus e saduceus. Inácio foi enfático em sua Carta aos Magnésios ao escrever: “…é acintoso falar de Jesus Cristo e praticar o judaísmo, pois o Cristianismo não acreditou no judaísmo mas, ao contrário, o judaísmo se converteu ao Cristianismo.”.

Também enfrentou os gnósticos que se fundamentam nas ilusões gregas e sempre perturbam a Igreja; desta feita foram os docetistas os quais declaravam que Jesus Cristo não nascera em carne e osso, negavam Seu nascimento humano e que Seu corpo era somente ilusão. Foi Inácio o grande campeão do Cristianismo que enfrentou essas teorias falsas. Enquanto os gregos de Alexandria, principalmente, nunca haviam visto Jesus Cristo e nem aprenderam com Seus discípulos, Inácio e outros, ouviram a história da vida de Jesus e Seus ensinamentos, diretamente da boca de Seus discípulos. Em suas cartas, Inácio reiterou o que os discípulos de Cristo, em seus Evangelhos, nos ensinaram: “Ele verdadeiramente nasceu e comeu e bebeu; ele foi verdadeiramente perseguido sob Poncio Pilatos.....ele realmente ressuscitou dos mortos” (Carta aos Tralienses). “Eu sei que Ele era feito de carne até mesmo após a ressurreição e quando Ele apareceu para Pedro e seus companheiros, Ele lhes disse: peguem e toquem-Me com suas mãos e vejam que eu não sou um espírito sem corpo.” (Carta aos Esmirnianos).

Devido ao grande desenvolvimento e expansão que a Igreja Siríaca de Antioquia teve sob a liderança de Inácio, o governo de Roma percebeu que em breve todo o oriente seria cristianizado e temeu que isso lhe trouxesse problemas políticos. O imperador romano, Trajano, impôs que todo o império se submetesse aos deuses romanos. Novamente, foi Ignátios quem pregou a Verdadeira Fé (em aramaico: Triçát xubHo), dando ânimo aos cristãos a resistirem contra a opressão romana. Decidiu então, o governador romano da província da Síria, que Inácio fosse deportado para Roma e lá fosse julgado. A respeito disso, Ignátios escreveu: “Agora feito prisioneiro eu estou aprendendo a renunciar aos meus desejos. Todo o trajeto, desde a Síria até Roma eu luto contra bestas ferozes, por terra e por mar, dia e noite, acorrentado como estou a dez leopardos, até mesmo a um destacamento de soldados que mais cruéis se tornam quanto melhor os trato e, no entanto, através de suas injustiças eu me torno um discípulo melhor e nem por isso sou absolvido. Que mais esses animais ferozes me preparam? Espero que tudo seja breve. Tentarei convencê-los a me devorarem rapidamente e não se refrearem como às vezes acontece, devido ao medo.” (Carta aos Romanos).

Por toda a viagem, fora Inácio acompanhado por seu amigo, Policarpo. Ao chegar a Roma, foi coroado com o martírio, em 110 d.C., não tendo em momento algum negado a Cristo. Seus restos mortais foram então levados pelos diáconos Filo da Cilícia e Réhos de Antioquia, para a Igreja Siríaca de Antioquia onde o enterraram no subúrbio de Daphne.

Em homenagem a Ignátios, todos os Patriarcas da Igreja Siríaca de Antioquia, a partir do ano 1.285, colocam antes de seus nomes o nome de Inácio, assim, hoje, nosso patriarca é o 41º patriarca com o nome Inácio; Patriarca Inácio Efrém II Karim.