Definições para diáconos



DEFINIÇÕES PARA DIACONOS

Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi (João 15: 16)

Caros diáconos,

Antes de tudo, é preciso entender que o diácono é aquele voluntário que se prontifica a auxiliar nas diversas cerimônias da Igreja. A função do diácono não é, portanto, remunerada de nenhuma forma em nossa Igreja.

Antigamente os diáconos tinham a função de auxiliar dos apóstolos no serviço da mesa, ou seja, no atendimento aos necessitados, viúvas, órfãos, e cuidavam de afazeres como a defesa da Igreja, organizavam o povo dentro da Igreja etc.

Na nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA) temos cinco categorias diaconais, quais sejam:
  1. Cantor (Mzamrono);
  2. Leitor (Quroyo);
  3. Guardião (Afudyaqno);
  4. Evangelista (mshamshono);
  5. Arquidiácono.
Normalmente não se usa o termo "subdiácono" para as ordens menores (cantor, leitor e guardião) em nossa Igreja, usa-se o termo - diácono - a categoria define, então, o seu trabalho. Temos então, por exemplo, o "diácono cantor" ou "diácono guardião". Normalmente, em aramaico, usa-se o termo "shamosho" para todos os diáconos, independente da categoria.


Inicialmente o diácono precisa entender que a oração não é um "bate-papo" com Deus ou uma ligação de celular. A oração necessita de concentração, e reconhecermos que Deus realmente nos aguarda e ouve. Assim, para nós, o local ideal à oração é a Igreja e, portanto, local de deixar qualquer distração ou conversa de lado.

O diácono precisa estar atento aos cerimoniais, concentrado e conhecedor dos objetos e materiais que manipula. Precisa estudar as orações e textos, cantos e hinos, precisa estar disposto sempre a servir, ajudar, orientar e entender os que o cercam rapidamente.

Exortamos os diáconos a aprender o idioma siríaco que praticamos na Igreja, afim de viabilizar os cantos e hinos e o aprimoramento da diaconia, aproximando-nos mais ainda das raízes do cristianismo.

Na Igreja o sacerdote precisa poder contar com os diáconos para que a cerimônia se realize de forma perfeitamente digna do Deus Altíssimo. Temos orações específicas para quando entrarmos na Igreja e ao sairmos dela, e isto já foi distribuído anteriormente, mas, caso alguém não tenha, estou anexando a este texto. A Igreja não é uma "sala de visitas", é a casa de Deus, onde esperamos ser acolhidos e ouvidos por Ele.

Neste recinto adoramos, louvamos e glorificamos o Deus Altíssimo, Seu Filho Único, Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem devemos gratidão por nossa salvação e adoração, e ao Espírito Santo, Senhor vivificador, distribuidor dos dons, aperfeiçoador e nosso paráclito (advogado).

Estamos adorando assim a Santíssima Trindade, o Deus Trino, na presença do Santíssimo Sacramento presente sobre o altar. Portanto, alertamos para as obrigações diaconais básicas:
  1. Comparecer antes do início das orações anteriores à celebração da Santa Missa;
  2. Disponibilizar-se no altar já com a túnica branca e a faixa de ordenação (hroro);
  3. O diácono incensador (turiferário) deve ajudar o sacerdote desde o início da missa ainda nos preparativos, auxiliar o sacerdote a se paramentar, e depois da missa ou cerimônia auxiliar o sacerdote até que este desça do altar ou encerre o cerimonial;
  4. Os diáconos tem obrigação de saber o momento exato da sua fala e saber fazer uso dos castiçais móveis, turíbulo e dos instrumentos musicais disponíveis na Igreja.
5 – Os diáconos mais velhos, assim como os párocos, têm obrigação de ensinar os mais novos.

A seguir damos algumas definições dos objetos sacros que a Igreja faz uso constante.

ALTAR – Trono de Deus, Mesa da Santa Ceia, Cruz de Cristo.

PEDRA ARA – parte superior da mesa do altar onde se faz a celebração da Santa Missa.

Nada pode ficar em cima do altar e não se deve apoiar-se no mesmo. Só devem ficar os objetos sagrados utilizados na celebração eucarística e o Livro das Liturgias.

TOALHA DO ALTAR – deve ser branca e comprida, impecavelmente limpa por respeito e dignidade ao sacrifício que se oferece.

CRUCIFIXO – posicionado sempre no centro e ao alto do altar, representa o sacrifício de Jesus Cristo para nossa redenção. Na nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA) não deve estar afixada a imagem do Cristo, pois, Ele não mais está na Cruz.

CRUCIFIXO MÓVEL – utilizado nas procissões e, em especial, na Sexta Feira Santa, é fixado diante do altar e se faz a reverência à Cruz quando sacerdotes e diáconos incensam o crucifixo e os presentes entoando o hino específico. Quando da celebração da Páscoa, o sacerdote retira a Cruz do túmulo de Cristo (debaixo do altar) e depois de abençoar os presentes, deixa fixa no meio do altar até o dia de celebração da Ascenção de Nosso Senhor Jesus Cristo; depois a Cruz móvel é guardada.

CRUCIFIXO MANUAL – usado pelos bispos e patriarca sempre na mão direita para abençoar os fiéis.

VELAS ACESAS NO ALTAR – Cristo é a luz do mundo e pelo menos duas o sacerdote celebrante, quando do rito da preparação da Santa Missa, acende a primeira à direita do altar e entoa o hino:

– Na tua luz vemos Luz, Cristo pleno da Luz (Bnuhroh hozeinam Nuhro...) –

Quando acende a outra vela entoa o hino:

– Puro e Santo que habita nas mansões da Luz (Hasio kadixo dhomar...).

CASTIÇAIS FIXOS NO ALTAR – para suporte das velas podem ser em número de 2 ou 6 e até 8.

CASTIÇAIS MÓVEIS – são dois, e devem ser usados durante os rituais principalmente quando do início da Missa, leitura do Evangelho, benção dos santos elementos, elevação e comunhão. São também usados nas procissões.

TABLITO – Madeira retangular tratada e sagrada, nela o Bispo ou Patriarca escreve a dedicação e consagração do altar. Uma vez escolhida a madeira para produção do Tablito o artesão não a coloca no chão, ela ficará sempre em lugar elevado. É colocado sobre a toalha do altar e sob o corporal.

CÁLICE – vaso sagrado destinado a portar o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. O sacerdote celebrante lança acompanhado de orações específicas, o vinho (preferencialmente tinto suave) e a água no cálice.

Obs. O vinho tem de ser com teor alcoólico, senão não é vinho.

PATENA – prato raso circular onde o sacerdote deposita o pão a ser consagrado e, na nossa ISOA, a PATENA é a própria bandeja da comunhão.

PATENA COM HASTE – pode substituir o Véu dos Elementos quando da comunhão dos fiéis.

CORPORAL – alfaia litúrgica, pano quadrado normalmente ricamente bordado sobre a qual são colocados o Cálice e a Patena com os Santos Elementos.

PALAS – alfaias quadradas pequenas bordadas sempre em par para cobrir individualmente o Cálice e a Patena.

VÉU DOS ELEMENTOS – Alfaia normalmente branca bordada, cobre os Santos Elementos sobrepondo-se às Palas. Quando não cobre os Santos Elementos deve ser dobrado na vertical em quatro partes e depois na horizontal em 3 partes.

O Bispo ou o Patriarca muitas vezes colocam-no de lado mesmo sem dobrar e é obrigação do diácono incensador dobrá-lo enquanto os outros diáconos entoam os dípticos. Hoje em dia os sacerdotes em geral já o dobram.

SERVIÇAL – (Mxamxonitho), pequeno cálice que deve estar cheio de água e fica à esquerda do celebrante para molhar a ponta dos dedos ou a colher para se ter certeza que nenhuma partícula da Santa Eucaristia se perdeu. O celebrante ao final da Missa lança esta água no cálice e bebe.

O diácono incensador precisa verificar se o serviçal está cheio de água, caso esteja vazio precisa encher, isto na mesma hora em que dobra o Véu dos Elementos.

PÃO DA COMUNHÃO – feito com massa fermentada, isto é, farinha branca, fermento, água e azeite de oliva. Deve ser marcado com o Selo da Comunhão.

SELO DA COMUNHÃO – normalmente feito de madeira escolhida, fica na guarda do pároco da Igreja. É esculpida com três círculos sendo o primeiro dividido em quatro partes, simbolizando os quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas, João). O círculo central com doze pontos representa os doze apóstolos e o círculo externo representa os setenta e dois apóstolos escolhidos por Cristo e enviados dois a dois para pregar. (Lucas 10)

GALHETAS – são dois recipientes pequenos para a água e o vinho, que serão usados na celebração eucarística. Não devem ficar sobre o altar. O sacerdote faz uso dos líquidos devendo a mistura conter mais vinho do que água e em seguida o diácono deve retirar as galhetas do altar.

LAVABO – conjunto de bacia e jarro de água que o diácono apresenta ao sacerdote celebrante para que ele lave as mãos antes de subir no altar e ao final da celebração. A bacia e o jarro sempre devem ser apresentados acompanhados de uma alfaia (toalha) branca e limpa, para o sacerdote secar as mãos.

As águas remanescentes na bacia e no jarro devem ser lançadas preferencialmente no jardim da Igreja, em lugar onde não se pise ou na pia batismal, pois podem conter eventuais partículas do pão e do vinho.

Do mesmo modo deve ter uma alfaia (guardanapo) branca, limpa e dobrada, que fica sobre o altar, ou o celebrante prende no cinturão para secar os dedos se molhar no serviçal.

Uma esponja natural fica à disposição do sacerdote para a limpeza final do cálice e da patena se necessário. Quando saturada pelo uso deve ser queimada.

SACRÁRIO – trata-se de caixa de metal decorada que fica sobre o altar diante do sacerdote celebrante onde se guarda a Eucaristia. Na nossa ISOA sempre deve ficar Eucaristia (Comunhão) disponível no altar.

TECA EUCARÍSTICA – pequeno estojo em que o sacerdote guarda a Eucaristia no Sacrário e quando necessitar nela transportará a Comunhão para os enfermos impossibilitados de vir à Igreja comungar.

Nossa ISOA não usa o CIBÓRIO, ou seja, um Cálice com tampa para distribuição ou guarda da Comunhão. O fiel sempre comungará direto da Patena e só o sacerdote toca no Corpo de Cristo, colocando-O direto na boca do (a) fiel, proferindo as palavras: Brasa Salvadora...

TURÍBULO – é o vaso de metal em que se queima o incenso. A parte superior, ou tampa do vaso, em português é chamado de OPÉRCULO, e deve ser dotado de quatro correntes, três das quais saem do vaso passam pelo opérculo e seguem até o suporte manual; uma corrente sai do opérculo e vai também até o suporte manual. Cada corrente deve ter quatro guizos presos que representam os doze apóstolos. O vaso representa a terra e o opérculo o céu. Mais definições sobre o Turíbulo e seu uso nos cerimoniais já foi motivo de artigos anteriores.

É obrigação do diácono incensador manter a brasa acesa no turíbulo para a queima correta do incenso.

Se um bispo ou patriarca estão celebrando, o diácono incensador deverá beijar a Cruz manual do celebrante quando este lança incenso no turíbulo.

NAVETA – em aramaico chamamos de Yauno (pomba) e trata-se de um vaso onde está o incenso a ser queimado no turíbulo. Normalmente vem com uma colher. Só aos sacerdotes compete lançar o incenso no turibulo. A naveta deve estar sempre na mão esquerda do diácono incensador e não deve nunca ser deixada sobre o altar.

LEQUES OU CÍMBALOS SURDOS – são instrumentos musicais que simbolizam os serafins voando em volta do trono de Deus. São chamados de címbalos surdos pois não tem o furo central dos címbalos e a nota que devem entoar quando movimentados é a nota SI, ou a mais alta da escala musical.

CÍMBALOS – instrumento musical composto de dois discos com furo e que são tocados acompanhando alguns cantos ou efeito trêmulo como os leques durante os cerimoniais. Raros são hoje os diáconos que sabem toca-los. Tínhamos Címbalos na Igreja de São João e os diáconos que vieram do Oriente sabiam toca-los.

SINO – objeto de metal utilizado para chamar os fiéis às orações.

CARRILHÃO – são pequenos sinos unidos e portados por um diácono que os toca na hora da consagração dos elementos.

por Aniss Ibrahim Sowmy - 2019

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