Concílios Ecumênicos

Concílios Ecumênicos

Segundo nosso saudoso patriarca Mor Inácio Zakka, em seu livro “Um olhar sobre a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, “as quatro sedes, de Antioquia, Roma, Alexandria e Constantinopla, eram idênticas em fé e doutrina, bem como sendo iguais em autoridade e privilégios” (ZAKKA, 2008). Sempre que algum problema local, interno ou uma disputa ocorria, por exemplo, entre os bispos de uma arquidiocese, um concílio regional de bispos, sob a presidência do metropolita (arcebispo) da arquidiocese seria convocado para resolver a questão. Os Concílios foram então considerados acima da autoridade dos bispos e até mesmo como a maior autoridade em toda a Arquidiocese. Se qualquer problema importante relativo à fé surgisse, um concílio geral ou ecumênico era convocado, cuja autoridade estava acima de todos os bispos e arcebispos, incluindo os Patriarcas das quatro grandes Sés. Estes Concílios foram considerados como a autoridade suprema em toda a Igreja.

Nenhum dos bispos, mesmo entre os patriarcas das quatro grandes Sés, tinha autoridade para agir em qualquer grande problema de fé individualmente, uma vez que isso era da responsabilidade dos concílios. As declarações de fé no Credo de Nicéia, por exemplo, foram incluídas nos escritos dos padres em detalhes e foram aceitas pela Igreja desde a sua aurora. O concílio formulava com muita clareza tais declarações e pedia aos fiéis que permanecessem fiéis aos seus termos, caso contrário, seriam excomungados.

*Trechos acima foram extraídos do livro “Um olhar sobre a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia” com autorização do tradutor na língua portuguesa.

O 1º CONCÍLIO – NICEIA +

As Igrejas Ortodoxas orientais reconhecem apenas três concílios ecumênicos, cujo Concílio de Niceia é o primeiro entre eles. O Concílio de Nicéia, também conhecido como Primeiro Concílio Ecumênico, foi realizado em 325 d.C. e é um dos concílios mais importantes da história cristã. Foi originalmente convocado pelo Imperador Constantino, a fim de enfrentar os desafios apresentados pela heresia ariana. O Concílio de Nicéia estabeleceu as bases da crença cristã ortodoxa, especialmente com a definição do Credo de Niceia.

Segundo o abuna George Pulikkottil, 318 bispos participaram do Concílio de Niceia, sendo chamados de os “santos padres de Nicéia” ou apenas os “318 santos”. O número 318 tem um significado bíblico, sendo os bispos vistos como os 318 servos de Abraão (Gn 14:14). O Concílio de Niceia lançou quatro documentos: 1ª) Confissão de fé (símbolo niceno ou Credo de Nicéia); 2º) Sobre a data da Páscoa, resolvendo as controvérsias sobre o assunto; 3º) Os 20 Cânones sobre a disciplina eclesiástica; 4º) Uma Carta Sinodal, enviada a todas as Igrejas irmãs para explicar os procedimentos do concílio que, consequentemente, convidava todas as Igrejas à obediência às decisões conciliares.


Concílio de Constantinopla:
Afresco bizantino na Igreja de Stavropoleos,
em Bucareste, Rom
O 2º CONCÍLIO – CONSTANTINOPLA + +

O Concílio de Constantinopla (2º Concílio Ecumênico) realizou-se em 381 d.C., e seu principal foco foi o debate sobre a natureza de Cristo e o arianismo. O concílio reafirmou o Credo Niceno (com algumas modificações) e tratou de outros assuntos teológicos. O concílio reuniu-se na Igreja de Santa Irene de maio a julho de 381 d.C. O concílio foi presidido sucessivamente por Timóteo de Alexandria, Manuel da Antioquia, Gregório Nazianzeno e Nectario, arcebispo de Constantinopla.

O concílio reconfirmou o credo niceno, como uma verdadeira exposição de fé ortodoxa, e desenvolveu uma declaração de fé que incluía a linguagem de Niceia, ampliando a discussão sobre o Espírito Santo para combater a heresia dos macedonianos. É o chamado Credo Niceno-Constantinopolitano. Expandiu-se o terceiro artigo do credo para lidar com o Espírito Santo, assim como algumas outras mudanças. Sobre o Espírito Santo o artigo de fé diz que “o Senhor, o Doador da vida, que do Pai procede e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado“. Com isso ficou estabelecido que o Espírito Santo é do mesmo Ser (ousia) que Deus Pai. Esta decisão do concílio sobre o Espírito Santo também deu apoio oficial para o conceito de Trindade.

O 3º CONCÍLIO – ÉFESO + + +

O Concílio de Éfeso foi realizado em 431 d.C. na Igreja de Maria em Éfeso, na Ásia Menor. Foi convocado pelo imperador Teodósio II e debateu sobre os ensinamentos cristológicos e mariológicos de Nestório, então patriarca de Constantinopla. Cerca de 250 bispos estiveram presentes. O concílio foi conduzido numa atmosfera de confronto aquecido e recriminações, condenando o nestorianismo como heresia, assim como o arianismo e o sabelianismo. É reconhecido como o terceiro Concílio Ecumênico por católicos romanos e ortodoxos.

Nestório, patriarca de Constantinopla, defendia que Cristo não seria uma pessoa única, mas que Nele haveria uma natureza humana e outra divina, distintas uma da outra e, por consequência, negava o ensinamento tradicional que a Virgem Maria pudesse ser a “Mãe de Deus” (em grego Theotokos), portanto ela seria somente a “Mãe de Cristo” (em grego Cristokos), para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina. Os adversários de Nestório, liderados por São Cirilo, Patriarca de Alexandria, consideravam isto inaceitável, pois Nestório estava destruindo a união perfeita e inseparável da natureza divina e humana em Jesus Cristo e acusavam Nestório de heresia. Assim que foi aberto, o concílio denunciou os ensinamentos Nestório como errôneos e decretou que Jesus era uma apenas pessoa, e não duas pessoas distintas, Deus completo e homem completo, e declarou como dogma, que a Virgem Maria devia ser chamada de Theotokos, porque ela concebeu e deu à luz Deus como um homem.