São Barsawmo, chefe dos anacoretas


Dia 3 de fevereiro é a comemoração de São Barsawmo, de acordo com o calendário litúrgico da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. São Barsawmo é lembrado no 5º Díptico da Divina Liturgia como o "chefe dos anacoretas".

Barsawmo é uma palavra composta siríaca de Bar = filho + Sawmo = jejum, ou seja, significa "o filho de jejum")

Em sua infância, foi ensinado por Mor Abraão, o Grande, o asceta da alta montanha perto de Samosata, onde adquiriu piedade e o temor de Deus que o conduziu ao ascetismo. Após a morte de seu professor, ele decidiu fazer uma visita a pé à Terra Santa, usando um vestido de saco e caminhando em direção à Palestina de mãos vazias. Depois de uma jornada difícil, ele finalmente chegou à Terra Santa e lá recebeu inúmeras bênçãos. Quando voltou, foi para a reclusão enquanto se alimentava com as plantas e frutos do deserto.

Os aldeões construíram para ele um mosteiro, ao qual se juntou primeiro um, depois três pessoas e com o passar do tempo o número aumentou. Em uma tranquila noite de verão, ele parou do lado de fora de sua cela, ergueu os olhos e viu as estrelas brilhantes no céu como pérolas sobre um veludo negro. Pasmo, são Barsawmo murmurava dizendo: "o servo não se atreve a sentar-se na presença de seu mestre, então como eu poderia ousar sentar-me na presença do Criador do céu e da terra?!"

Desde então ele começou a fazer penitência diante de Deus. Eis o que seu biógrafo e aluno Samuel escreveu ao elogiá-lo: "Barsawmo, que suportou provas e tribulações na cruz diante de seu Senhor por cinquenta anos. Parecia um poste de ferro que nunca adormece dia e noite; seu corpo estava dobrado do amanhecer ao anoitecer. Seus dias terminaram e suas súplicas foram seladas, e quando ele terminou suas orações ele partiu para o seu Senhor".

Em 449 d.C. ele foi chamado pelo imperador Flávio Teodósio II para participar do segundo Sínodo (Concílio) de Éfeso, representando os chefes dos santos mosteiros. São Barsawmo foi então um zeloso defensor da ortodoxia e exortou os fiéis a se apegarem firmemente à doutrina ortodoxa, ou seja, à fé dos três sagrados Sínodos (Concílios) Ecumênicos (Nicéia, Constantina e Éfeso), rejeitando as deliberações do Sínodo (Concílio) de Calcedônia, que serviam para cobrir os planos políticos da Sé de Constantinopla de subjugar as igrejas do oriente sob seu domínio, uniformizando-as sob os mesmos ritos, visões e decisões, para assim disputar o poder de primazia com a Sé Romana, bem como a seus seguidores, até que foi preso e levado à capital para julgamento.

O juiz gritou na cara dele, dizendo: "Você não sabe que posso mandar você ao exílio para uma terra onde não há água?" Diante disso o santo respondeu: "O Senhor das fontes vai me enviar chuva do céu ou brotar da terra, então você pode me enviar onde não há Deus?"  O juiz respondeu com orgulho, dizendo: “Sim, posso”. São Barsawmo então disse: "Não há lugar onde Deus não exista, exceto no trono em que você está sentado e no trono em que seu rei Marciano está sentado. Se você me mandar para o exílio nesses dois lugares, Deus virá lá por minha causa”.  O juiz ficou com tanta raiva que jurou esquertejá-lo. São Barsawmo disse a ele: “Olhe você, seu pai e mestre Teodósio não me faltava o respeito quando estava na minha frente e, ainda assim, você está me tentando e me ameaçando? Deixe-me dizer-lhe que você não deve julgar outro caso” O juiz deixou sua cadeira tremendo e logo morreu.

Os bispos calcedonianos escreveram a muitas igrejas excomungando-o, mas suas cartas foram rejeitadas pelo povo. As pessoas ficaram furiosas e denunciaram estas excomunhões, e declararam apoio a São Barsawmo e aos 3 sagrados Sínodos (Concílios) Ecumênicos. Vendo que suas tramas falharam, os bispos calcedonianos pressionaram o rei Marciano a enviar uma força militar para prendê-lo. Quando o santo ouviu a notícia, disse: “Tenho grande esperança em Cristo de que a autoridade de Marciano não me atropele, pois minha morte o tirará da terra dos viventes.” De fato, assim que a alma do  Grande asceta partiu para as residências celestiais, em 3 de fevereiro de 457 d.C., Marcianus morreu.

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